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Transferência × Contra-Transferência

A transferência e a contratransferência são conceitos importantes na psicanálise e na psicoterapia psicanalítica. Esses termos foram introduzidos por Sigmund Freud e desempenham um papel fundamental na compreensão da dinâmica terapêutica.


A transferência refere-se aos sentimentos, emoções e fantasias que um paciente direciona para o terapeuta durante o processo terapêutico. Esses sentimentos podem estar relacionados a pessoas significativas na vida do paciente, como pais, irmãos, cônjuge, etc. O paciente transfere esses sentimentos para o terapeuta, projetando nele as suas emoções e expectativas. Por exemplo, um paciente pode transferir para o terapeuta sentimentos de amor, raiva, dependência ou idealização. A transferência é considerada uma parte normal e esperada do processo terapêutico, pois oferece um espaço seguro para a exploração desses sentimentos.


Por outro lado, a contratransferência refere-se aos sentimentos, emoções e reações pessoais do terapeuta em relação ao paciente. Esses sentimentos podem ser conscientes ou inconscientes e podem estar relacionados às próprias experiências e questões do terapeuta. A contratransferência pode ser positiva, envolvendo sentimentos de empatia, compaixão e conexão com o paciente, ou pode ser negativa, envolvendo sentimentos de frustração, rejeição ou irritação. É importante que o terapeuta esteja ciente de sua contratransferência e a utilize como um recurso clínico, para entender melhor as dinâmicas do paciente e o impacto que ele exerce sobre o terapeuta.


Vale ressaltar que tanto a transferência quanto a contratransferência são processos inconscientes que podem influenciar a relação terapêutica. Ambos os conceitos são importantes para a compreensão da dinâmica emocional entre paciente e terapeuta, permitindo uma exploração mais profunda dos problemas e conflitos psicológicos.


Alguns teóricos importantes que contribuíram para o desenvolvimento desses conceitos incluem Sigmund Freud, Melanie Klein, Donald Winnicott e Jacques Lacan. Cada um desses teóricos ofereceu insights adicionais sobre a transferência e a contratransferência, enriquecendo a compreensão desses fenômenos na psicanálise e na psicoterapia psicanalítica.




Melanie Klein


- Transferência: Para Melanie Klein, a transferência era vista como um aspecto essencial do relacionamento terapêutico. Ela enfatizou a importância das fantasias e projeções inconscientes do paciente em relação ao terapeuta. Segundo Klein, as fantasias e os sentimentos transferenciais podem variar de sentimentos de amor e gratidão a sentimentos de ódio e ciúme.

- Contratransferência: Klein também deu importância à contratransferência. Ela acreditava que a contratransferência do terapeuta poderia fornecer insights valiosos sobre os processos internos do paciente. Para Klein, a contratransferência era uma resposta emocional genuína do terapeuta à dinâmica do paciente, que poderia ser usada como um instrumento para entender e interpretar os conteúdos transferenciais.


Donald Winnicott:


- Transferência: Para Winnicott, a transferência estava relacionada à necessidade básica do paciente de ser cuidado e compreendido pelo terapeuta. Ele enfatizou a importância de estabelecer um ambiente terapêutico seguro e acolhedor, no qual o paciente pudesse experimentar a transferência de sentimentos e confiança.

- Contratransferência: Winnicott enfatizou que a contratransferência do terapeuta poderia ser um recurso terapêutico valioso. Ele acreditava que o terapeuta deveria confiar em sua contratransferência para fornecer respostas empáticas e autênticas ao paciente, o que ajudaria a construir um relacionamento terapêutico saudável.


Jacques Lacan:

- Transferência: Lacan abordou a transferência a partir de uma perspectiva linguística e estrutural. Para ele, a transferência ocorre quando o paciente inconscientemente atribui ao terapeuta o poder de satisfazer seus desejos e suprir suas carências. A transferência é vista como um elo fundamental para a compreensão do sujeito e do inconsciente.


- Contratransferência: Lacan não enfatizou explicitamente a contratransferência em sua teoria. Ele estava mais interessado na relação entre o paciente e o analista, onde o analista ocupava uma posição específica como um "objeto a" para o paciente. Lacan acreditava que o analista deveria manter uma postura neutra e distanciada, buscando interpretar os conteúdos transferenciais sem se deixar influenciar pela contratransferência pessoal.


É importante ressaltar que essas são apenas algumas perspectivas dos teóricos mencionados sobre transferência e contratransferência. Cada um deles contribuiu de forma única para a compreensão desses conceitos, levando em consideração diferentes aspectos da teoria psicanalítica. A transferência e a contratransferência continuam sendo áreas de estudo e exploração na prática clínica psicanalítica até os dias de hoje.

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